quarta-feira, 14 de julho de 2010

TRISTE MOÇO SOLITÁRIO

Num certo anoitecer, quando eu estava na janela com a caneta e o papel na mão, pronta para escrever mais um poema, vi um vulto solitário caminhar pela rua escura, cabisbaixo. Fiquei pensando: -Quem seria aquele vulto tão solitário? Será que aquele vulto era de alguém que estava procurando outro alguém para preencher seu coração? Não sei... Só sei que agora toda noite fico esperando, com papel e caneta na mão, aquele vulto solitário passar.
Uma noite, quando eu estava esperando-o passar como sempre, sem olhar e nada falar, me surpreendi ao vê-lo parado me encarando com um sorriso triste no pálido rosto. Foi aí que descobri que aquele triste vulto era de um moço solitário que havia perdido seu grande amor.
Certa noite, cansada de olhar a vida janela, resolvi sair e caminhar á luz do luar, contemplando as calçadas molhadas pelo sereno da noite. E nesta mesma noite em que eu seguia com as mãos nos bolsos, vi o vulto solitário daquele triste moço se iluminar pela primeira vez ao encontrar o meu olhar banhando de amor e poesia...

SOLIDÃO ACOMPANHADA

Na rua da praia ( que não tem praia) e que também se chama rua dos Andradas; uns vem, outros vão... Sempre com pressa. Me perco no meio deles. Olho em cada rosto e vejo, como diz certa música, que cada um tem seu mistério, seu
sofrer, sua ilusão... No fundo são todos solitários na multidão.
Se escondem em bares, procurando pares... Ou então nos Parques, para esquecerem seus lares.
É incrível, mas é verdade!!!
Um dia me falaram que é extamente no meio da multidão que nos sentimos mais solitários. Antes eu não acreditava, mas agora acredito! Foi só eu sairpara dar uma volta no centro da cidade para comprovar isto e descer aquele "rio" de gente , de passos, de vozes, que é a Rua da Praia (sem praia) Rua dos Andradas, para me sentir solitária e isso no meio de extensa multidão!? Tenho pena dos pobres solitários como eu que se trancam em um bar para esquecerem de tudo, procurando um par. Ou quese isolam em algum parque da cidade... Ah, meu Deus! Como tenho pena desses pobres solitários, que ainda tem, e se procurarem bem, não importa a idade, ainda tem uma linda mocidade para viver no meio desta realidade que é a solidão em meio á multidão das grandes cidades...

PARA O PRINCIPE DOS DEVANEIOS

Um suspiro... Uma brisa leve... Uma lembrança... Um beijo ao vento... Uma saudade escondida dentro do peito é tudo que tenho para esperar-te príncipe dos meus devaneios e secretos desejos... Saudades do teu olhar, das tuas carícias e também dos teus enlouquecedores beijos....

COMO AMAM AS POETISAS

Eu sempre te quis bem demais...
Os anos passaram
e fiquei sem te esquecer jamais.
Depois de um tempo insano
voltas a aparecer em minha vida
feito um fantasma
banhado em poesia...
Talvez não me reconheças
mas te reconheço ainda...
Não sou mais aquela menina
que desprezastes um dia,
no entanto continuo á te amar
como só amam as poetisas
que nunca esquecem
os grandes amores da vida....

SERENATA DE AMOR

No quarto a virgem sonha
á luz da lua.
Seu peito arfa, seus olhos tremem...
Lágrimas escorrem feito cascatas
por seu rosto e ventre.
O que ela tem?
Saudades de um certo
longo olhar distante, ausente
apenas na memória presente.
De repente uma voz
ao luar, levanta,
e a virgem pressente...
- É ele! É ele!
E no peitoril da janela se debruça
para ver seu amor ausente
lhe cantar na calçada embaixo
carinhosamente,
uma serenata de amor como presente!

ROMANCE FRACASSADO

Um homem, uma mulher,
uma magia...
Um dia de sol, o sol á se pôr...
Um amor que começou
e para sempre marcou...
Um beijo mal dado,
um poema não terminado,
um aceno malvado,
um adeus abandonado,
um sentimento mal empregado...
Um acento final.
Finalizando um romance sofisticado,
poético... Nostalgicamente
farcassado...

NA PRAÇA DA ALFÂNDEGA

Embaixo de jacarandás florido, no meio da "paraça do livro" escrevo... Escrevo para matar saudades, para matar o tempo, para matar a morte respirando vida, respirando cultura em frente as barriquinhas coloridas que são um pouco minhas e de toda gente.
Alguns conhecidos se detêem diante de mim, para conversarmos um pouco. Depois seguem de barraca em barraca, de livro em livro, de mundo em mundo, viajando pela janela dos sonhos que cada livro oferece... Procurando saber, procurando respostas, procurando amores, ou quem sabe ainda, procurando consolo para suas horas mortas. Olhando, farejando, caminhando, fugindo, chegando, passeando, se encontrando, se entregando ao burburinho da vida, da cultura, dos artistas: escritores, atores, pintores, cantores, livreiros, editores, numa doce curiosidade de criança que ainda está vivo em suas lembraças de criança desta mesma praça do livro na Praça da Alfândega...
( Saudade da Feira do livro)